sábado, 2 de fevereiro de 2008

O Dia da Marmota




Era o dia em que os EUA comemoravam o dia da marmota, uma cerimônia tradicional, coberta pela imprensa internacional.


Rio Claro-SP- "O comércio fecha ás três." Nas ruas o sol quente derrete o asfalto- Depois de todo aquele fumo e sol à pino, minha cabeça fritava.
Pra mim, mais um lânguido final de tarde.

Quando no meio do passeio resolvi dar uma espiadela no que acontecia fora da minha mente, me deparei com um estranho movimento.
Nas ruas onde outrora me recordava de "Mon Oncle", rindo melancolicamente com a matilha de saltimbancos-caninos, acontecia uma invasão de corpos pálidos, vestidos de alegres trajes informais, deixando a mostra marcas brancas nos braços e pernas, antes corbertos pelas sérias indumentárias do dia-a-dia.
Nesse dia, não era de mau tom beber desde cedo. Todos davam orgulhosos goles em suas latas de cervejas, que eram vendidas a cada esquina. Também nao era de mau tom beijar qualquer desconhecido, simplesmente porque um beijo te apeteceu. Nesse dia ninguém era puta. Ninguém era viado. Todos eram foliões.
Nesse dia, o mendigo pôde pedir esmola pra cachaça, e ninguém o recriminou. Ele próprio, no meio de toda aquela gente, quase se tornou um folião e quase dançou de igual pra igual ao lado de seus conterrâneos, que num outro dia atravessavam a rua antes que pudessem se cruzar.
Pra mim era mais uma embriagada tarde ociosa.

Gordos corpos tranjando smoking e cartola, velhos rostos enrugados e suorentos, com barbas brancas, engorduradas, cheirando ao desejum, acariciam ,com suas gordas, avermelhadas e preguiçosas mãos, uma gorda e apática marmota - Aqui no Brasil, era sábado de carnaval.